terça-feira, 23 de abril de 2013

Os filhos de Pais separados têm maior insucesso escolar



 
Um estudo francês sobre o rendimento escolar que foi apresentado recentemente demonstra que o insucesso escolar é mais visível nas crianças cujos pais estão separados. Este estudo efetuado pelo Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED) francês quantificou, pela primeira vez, as diferenças que se estabelecem entre o rendimento dos filhos de pais separados e o dos miúdos que ainda vivem com o pai
 e com a mãe. O insucesso escolar é mais visível nas crianças cujos pais estão separados. Esta é a principal conclusão de um estudo efetuado pelo Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED) francês, que quantificou, pela primeira vez, as diferenças que se estabelecem entre o rendimento dos filhos de pais separados e o dos miúdos que ainda vivem com o pai e com a mãe. Intitulado "Separação e divórcio:
 que consequências no sucesso escolar das crianças?", o estudo foi coordenado pelo demógrafo Paul Archambault e foi esta semana divulgado pelo jornal "Le Monde". Ao diário francês, Paul Archambault começa por referir que, para além de se ter banalizado, "a situação de filhos de pais separados é, sem dúvida, mais bem aceite em termos sociais". Esta constatação poderia levar a pensar que os efeitos do divórcio estão agora mais atenuados e que não perturbam da mesma maneira as "performances" escolares. Só que, como concluiu o investigador, "a realidade verificada é completamente diferente". “A proporção de crianças que vivem uma transição familiar não pára de aumentar", lê-se no estudo do INED. Basta olhar para os números: nos dias de hoje, quatro em cada dez casais franceses divorciam-se em Paris, um em cada dois casamentos termina em rutura. Uma vez vulgarizado o divórcio e mais aceites as recomposições familiares, "são notórias as diferenças no rendimento escolar entre as crianças que viveram a separação dos seus pais antes da idade da maioridade e as que viram preservada a união" dos progenitores, adianta Archambault. Qualquer que seja a origem social e cultural das famílias, "a separação dos pais antes da maioridade reduz, em média, a duração dos estudos dos filhos entre seis meses a mais do que um ano", nota o investigador. Nas classes mais populares, o divórcio ou a separação dos pais reduz as hipóteses de as crianças obterem o ensino secundário, enquanto  que nos meios mais favorecidos são os estudos superiores os mais afetados. Nas famílias de origem mais modesta, a taxa de obtenção do diploma do secundário ou de estudos superiores baixa de 53 para 30 por cento nos casos de separação. Os filhos de operários, por exemplo, têm 50 por cento de hipóteses de deixar o sistema escolar sem nenhum diploma quando os pais estão separados - um número que desce para os 37 por cento quando os progenitores permanecem juntos. Ao longo do seu estudo, Archambault sublinha ainda que as incidências do divórcio na escolaridade são menos importantes nos casos de recomposição familiar, ou seja, quando um dos pais encontra um novo companheiro. Nestes casos, nota o demógrafo, "efetua-se uma recomposição económica, que assegura uma escolaridade pelo menos até ao fim do secundário". Nas famílias monoparentais, continua, "há muitos problemas financeiros" que, não raras vezes, impedem o prosseguimento de estudos. Talvez por isso, prossegue Archambault, citado pelo "Le Monde", verifica-se que "os jovens que viveram a separação dos pais deixam mais precocemente o meio familiar, em média dois anos mais cedo". Os depoimentos  recolhidos pelo  Le Monde a alguns professores confirma o estudo que evidencia que “as separações 
(dos pais) influenciam negativamente a vida dos alunos”. Pascaline Perrot, diretora  de uma escola primária "As separações influenciam sempre a vida dos alunos. E os pais têm consciência disso. Às vezes, os próprios pais vêm juntos informar-nos que vão separar-se. Há sempre nos miúdos alterações de comportamento, mesmo numa separação amigável. Há sempre uma fase de tristeza e de agitação. O período mais doloroso é aquele durante o qual as crianças não falam sobre o assunto. Quando os pais informam a escola de que vão separar-se, as crianças já podem falar sobre isso e assim sentem-se melhor. O que mais ajuda as crianças é que esta é uma situação cada vez mais frequente, há cada vez mais colegas 
a viver o mesmo problema." Marie-Laure  Baehr,  diretora escolar "Entre os professores, falamos muito sobre as separações dos pais. É um assunto que nos preocupa porque há cada vez mais separações. Mesmo que os alunos não tenham problemas escolares, há sempre sinais que nos mostram que eles estão
 a sofrer. Alguns sentem-se culpados, outros isolam-se, outros tornam-se agressivos e insolentes. Demonstram uma grande necessidade de ser compreendidos." Céline Rigo, professora de História e Geografia "Às vezes apercebemo-nos das separações devido às ausências repetidas às quartas  feiras  
aos sábados, quando as crianças vão passar os dias com um dos pais. Às vezes justificam-se com isso para não terem feito os trabalhos, por exemplo. Nalgumas crianças descobrimos por acaso, porque elas lidam bem com a situação. Noutras, a situação é muito visível, mesmo fisicamente: deixam de se lavar, usam roupas sujas... Outros, quando têm uma boa nota, vêm ter connosco para mostrá-la, porque em casa não 
há muito tempo para serem ouvidos. Às vezes, somos pais de substituição."

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