quinta-feira, 25 de abril de 2013

Lidar com o Sentimento de Culpa e COMO?




                                                       

      A nosso favor ou contra nós, em algumas alturas da nossa vida apodera-se de nós um sentimento de culpa. Se a interpretação da culpa nos servir, nos engrandecer e for adaptativa e adequada funcionará certamente como um elemento para o nosso desenvolvimento pessoal. No entanto, muito de nós sentimo-nos culpados com bastante frequência levando-nos para  caminhos  auto depreciativos   e destrutivos. É uma parte natural da vida e realmente desempenha uma função adaptativa que nos ajuda a aprender com as experiências dolorosas ou assustadoras. Apesar da crença comum em contrário, a experiência da culpa não é totalmente negativa, improdutiva e destrutiva. Vou neste trabalho ajudar para que saiba como lidar com o sentimento de culpa, aprendendo a retirar o que lhe serve, a minimizar os danos e a enfrentar a vida por outra perspetiva.
       Essa coisa que chamamos de “Culpa” é o termo que usamos para os sentimentos   negativos  que  repetidamente  sentimos quando cometemos um erro que consideramos grave, ou quando fazemos algo que gostaríamos de não fazer ou de não ter de o fazer.
A mente (inconsciente) ativa a preocupação, revê vezes sem conta as escolhas ou ações e os resultados envolvidos, experienciamos um enorme sentimento de remorso que, para muitos parece um misto de náusea e um senso palpável de arrependimento muito significativo.
Sentimento  de  CULPA: Para o BOM ou para o MAU
      Este  desconforto   de “opiniões” são percecionados como indesejáveis, pensamentos intrusivos que geralmente não exercem uma função adaptativa. E muitas vezes eles não são. Mas, em alguns casos eles são realmente adaptativos, assim como praticamente todos os mecanismos físicos e mentais nos nossos corpos. Se adotarmos uma perspetiva evolutiva, os sentimentos de culpa e remorso têm funções adaptativas, têm um elevado valor de sobrevivência na maioria das situações. No entanto, apesar disso para alguns de nós, e devido a uma avaliação desadequada e exacerbada das situações, a culpa e remorso, viram-se contra nós, tornam-se num terrível problema que assombra a vida e suga a energia e bem-estar.

      Não esquecer  e a reter: A culpa e o remorso podem trazer-nos esclarecimento, mas aplicado de forma inadequada, podem causar-nos complicações. A culpa pode ser saudável, mas igualmente destrutiva.
Aquilo que dizemos a nós mesmos de forma repetida e recorrente vais ficando enraizado na nossa  mente.       O que dizemos a nós mesmos e a forma como dizemos, na verdade, pode ter efeitos enormes. É como se algumas partes do nosso interior,  os processos mentais inconscientes ficassem mais  sintonizados com o que dizemos a nós mesmos em silêncio ou em voz alta. É importante ter cuidado acerca da forma como você diz as coisas para si mesmo quando está a passar por dificuldades, lutas ou arrependimentos. Deve tentar ter o mesmo cuidado a falar para si, tal como teria se falasse com um amigo que está a passar por dificuldades ou que tenha feito algo do qual não se orgulhe.
       Para aprofundar mais este assunto, pondere: Deixe de dizer desculpe, eu não sei, eu não consigo, comigo tudo acontece, só a mim é…

      A CULPA como um PROCESSO  MENTAL  de  ENORME POTENCIAL
Após um  acontecimento   significativamente  assustador, embaraço ou doloroso, depois de uma grande dor, um medo, um trauma, uma separação, um grande erro ou o que quer que o tenha magoado, o cérebro automaticamente inicia uma revisão repetitiva dos elementos envolvidos.  Quando este processo é ativado, quando ocorre nas nossas mentes é iniciado por processos inconscientes e vivenciamos isso conscientemente através de sentimentos indesejáveis e fora do nosso controlo. Esta revisão de experiências   significativas  são apenas pensamentos indesejados ou memórias indesejáveis, quando não há sentimento de culpa. Quando existe um sentimento de culpa ou arrependimento, é porque se   acionou o processo repetido de revisão da situação e consequentemente do sentimento recorrente de culpabilização.

      Configurar alarmes e alertas da situação
Os nossos cérebros estão preparados para analisar as experiências consideradas intensas e “registando-se” na memória todos os sentimentos desconfortáveis e negativos como elementos, que podem servir como marcadores no futuro, para “lembrar-nos ” de experiências passadas, na esperança de podermos agir de forma mais adequada na próxima vez. Por exemplo, ao caminharmos por uma parte específica da cidade, se formos ameaçados ou atacados, provavelmente posteriormente teremos de lidar com um monte de memórias indesejadas, da próxima vez que começarmos a ir novamente nessa direção, mesmo que realmente não nos lembre-mos do que tinha acontecido, uma espécie de alarme soará na mente.

        A reter: A culpa pode motivar e estimular uma revisão completa de erros, aumentar a vigilância e cautela no futuro, dar uma sensação de ser responsável e promover a aceitação social e de estima.

       No entanto o sentimento de culpa pode torná-lo emocionalmente desequilibrado, deixá-lo transtornado, diminuir a sua auto-estima,  destruir a sua esperança, fazê-lo sentir-se estúpido,  e vai estragando a sua vida e eventualmente das outras pessoas significativas para si. O sentimento de culpa pode  ainda  fazê-lo  ficar agarrado ao passado, impossibilitando que continue a levar a sua vida para a frente e a viver no presente.
Avaliar as situações com precisão

       Ao avaliar com precisão os erros e situações negativas nas quais nos encontramos ou estamos atravessando, leva-nos a atravessar  um período de tempo onde as memórias e pensamentos emergem nas nossas mentes espontaneamente,  acompanhado  de  sentimentos de angustia,  acionando-se alarmes de alerta na forma de preocupações. Isso pode ser bom ou pode ser mau, dependendo de como fazemos uso da experiência sentida. Será que a culpa contribui para sermos mais inteligentes? Não e Não e Não, porque o ser humano tem a  bênção  da linguagem e do pensamento complexo. Com uma linguagem que pode manipular conceitos e interpretar situações e emoções como nenhum outro ser vivo. O sentimento de culpa (destrutivo) deve-se ao processo de revisão e ensaios, que é implementada com a nossa decisão de escolha, depois de algo negativo ter acontecido. Mas o que nós ensaiamos na nossa mente,    faz a diferença entre tornarmo-nos mais inteligentes e funcionais ou tornarmo-nos menos capazes e inadequados.

      As perfeitas criaturas que nós seres humanos somos,   podemo-nos tornar mais ou menos inteligentes (com respostas mais ou menos adequadas aos nossos objetivos),   porque sabemos e podemos escolher os elementos que estamos a ligar (“emparelhar”)  no nosso processo de raciocínio (forma de pensar). Por exemplo, analise a situação em que alguém depois de ficar acordado toda a  noite, vai conduzir, é claro previsível  que adormece e tem um acidente. Se ele usa o processo natural de culpa para ruminar  e recriminar-se acerca de ser irremediavelmente estúpido, e um falhado, ele está a queimar o cérebro desnecessariamente.

       A ideia fundamental, é a de que nada lhe  serve  estar  a usar o seu cérebro para pensar, ferver e ruminar de forma depreciativa acerca de si mesmo. Ele vai tornar-se mais incapaz do que antes do acidente. Ou, se perante as mesmas circunstâncias, ele usa o processo de culpa e recriminação por ter esquecido o pé de coelho da sorte, a água milagrosa da bruxa lá da terra ou sei lá mais o quê, ele não vai ser mais esperto e raciocinar de forma mais adequada, provavelmente irá prejudicar-se ainda mais  (isto  se  assumimos que o pé de coelho não dá sorte.) Ou, se ele usa medicamentos, álcool, drogas ou qualquer um dos milhares de “distrações”  possíveis para evitar qualquer sentimento de culpa, ele não vai ser mais inteligente. Perder a oportunidade de aprender algo realmente importante através da experiência terrível que foi o acidente de carro, é o que o sentimento de culpa promove, porque irá aumentar a probabilidade de fazer a mesma coisa de novo, como fez antes do acidente.

        Mas, se ele usa a culpa para censurar-se por não dormir o suficiente e, em seguida pensar em ir dirigir sonolento, da próxima vez que esses elementos voltarem a ocorrer juntos, ele vai ficar nervoso antes de entrar no carro devido à ideia de ir dirigir, ou ele pode até ficar nervoso na noite em que tiver de permanecer acordado até tarde. Assim, ele pode ter espatifado um carro, mas ficará muito menos propenso a cometer esse erro novamente. Pelo menos ele retirou algo de positivo e construtivo do seu infortúnio (aprendeu que irá proteger-se em situações semelhantes no futuro). Esta é sem dúvida uma forma de pensamento positivo perante uma situação catastrófica.
                                              TERRÍVEL é o  PESO de  AUTO-PUNIÇÃO
       A  grande maioria das pessoas sentem que devem punir-se com a negação ou com a auto-sabotagem,  como punição, quando se sentem “culpados”. Elas não acreditam que os sentimentos de culpa são castigo suficiente para o seu mal-estar, e…  tudo isto acaba com uma toma  de xanax ou noites sem dormir.

       Por vezes, retardar uma recompensa ou uma coisa boa, pode ajudar a sentir-se menos culpado. Na verdade, isto não passa de uma ilusão. A autopunição, na grande maioria das vezes pode machucar ainda mais a pessoa que vive com o sentimento de culpa. Na medida em que a punição sobrecarrega a mente com o sentimento negativo, toda a aprendizagem a partir da experiência e do sentimento de negatividade será distorcida ou perdida. As únicas coisas que realmente são prejudicadas quando a punição é demasiado dura, são o autorrespeito e consciência. Diminuir o autorrespeito   fará  aumentar probabilidade da pessoa não se preocupar em magoar-se. Diminuir a consciência é o mesmo que diminuir a inteligência. Não se tem uma atitude muito inteligente (adequada) sendo hostis para nós mesmos, isto faz com que o nosso padrão mental fique alterado e nos turve a mente.
Quando não aprendemos com os erros
        Agora faço a pergunta tão indesejada: Porque  razão (por vezes ou quase sempre)  não conseguimos aprender com alguns erros que cometemos na vida? A razão para tal, é que deixamo-nos turvar por erros de raciocínio. Viramo-nos contra nós numa altura em que mais nos deveríamos ajudar. Reconhecer o erro só é benéfico, se depois conseguirmos manter um equilíbrio emocional que jogue a nosso favor. É necessário que nos coloquemos num estado onde possamos acionar  todos os nossos recursos para agir, minimizar assim o erro, e evitar  que volte a acontecer, ou antecipando novas situações para que não volte a ocorrer.
        Muito frequentemente atendo pessoas em Hipno terapia que se queixam de que as suas vidas parecem estar a desmoronar-se. Elas relatam me ter mais problemas com a vida à medida que o tempo passa.  Invariavelmente  dizem-me que acham que deveriam ter aprendido alguma coisa com a vida e com os erros que cometeram. E na verdade todos nós deveríamos, mas como as coisas não acontecem como queremos, o melhor que podemos fazer é, quando tomamos consciência disso, procurar uma forma de não continuar a fazer o que temos vindo a fazer até à data.

         Quando nos viramos contra nós, muitos são os problemas emocionais que podem emergir, dificultando-nos o raciocínio. No entanto, alerto para o facto de existir uma mistura de comportamentos e atitudes que aumentam a vulnerabilidade aos problemas psicológicos e que são:
          Auto-punição.  Um sentimento de raiva e frustração autodirigido,   que emerge de se pensar que os sentimentos de culpa não são suficientemente punitivos.
          Auto-avaliação  depreciativa.   uma avaliação negativa acerca de si mesmo, depreciando o seu carácter e inteligência ao invés de avaliar a situação e comportamentos que levaram ao problema.

         Os problemas tornam-se preocupantes por mau uso do sentimento de culpa. Quando nos fundimos a alguns dos nossos sentimentos, e passamos a agir exclusivamente de acordo com eles, corremos o risco de tomar decisões que nos prejudicam porque agimos em modo emocional, deturpando as avaliações e consequentemente os passos para a solução.
veja: Consultas de Psicoterapia e Hipnose Clínica. Tel: 966583121

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